É liberdade! Falar, olhar nos olhos e se desculpar.

Não sei exatamente quem vai ler esse texto, e se alguém vai ler, mas preciso falar sobre liberdade. 

A vida na internet não é tão real como parece, já estão cansados de ler e ouvir relatos por aí. E por mais que as pessoas assumam sofrer de depressão ou qualquer outra doença do gênero - algo que lhe tire o humor por tantas vezes - ninguém consegue assumir o fato de que as imagens no instagram são apenas propagandas. Mesmo com a chuva de relatos, elas continuam se decepcionando.

Hello meus amores, olhem as minhas fotos, e em como elas são fotos propaganda. Alias, quando foi que eu publiquei uma foto da minha rotina massacrante? Indo as compras de chinelo, com a camiseta mais velha da gaveta, ou no final de expediente da farmácia, já sem maquiagem depois das 12 horas de trabalho? _ Never. 

_ Todo mundo cansa e tem algum tempo que eu também cansei.

No instagram sou um pouco chata com a paleta de cores, poses e na seleção de fotos a serem postadas, EU GOSTO DISSO! Mas não é por gostar dessa tal "organização" que eu deveria perder a minha essência no dia a dia. Ok?! Me deixem sair como eu quero. Eu amo as pessoas que me olhem nos olhos, com carinho, afeto, e amor e não as que chegam reparando os defeitos das roupas, cor ou corte de cabelo. Na moral, todo mundo sabe quando não ta la aquelas coisas. Combinado? 

_ Cruel sociedade chata!

Eu me amo quando acordo, quando eu saio do serviço ou da academia com cara de cansada. Eu me amo quando danço, quando rio, quando pulo. Eu me amo com a minha blusa azul de frio com bolinhas de pelo por ser velha demais, (daquelas que todo mundo tem uma no fundo do guarda- roupas). Eu me amo de cabelo solto, preso, armado, liso, molhado ou seco. Eu me amo com meus olhos de Capitu haha olhos de ressaca. Eu também me amo quando estou conversando com o meu marido e ele responde as minhas ideias malucas, ou quando eu choro (os meus olhos ficam brilhantes). 

_ Respira fundo, que nem sempre foi assim.

Por trás de cada amor que eu sinto em mim hoje, existe uma história linda a ser compartilhada. E a real verdade sobre a minha personalidade é que eu não sou tão vaidosa como a maioria das mulheres e eu nem ligo pra isso. EU ME AMO!

Mas houve tempos que tentei amar uma menina que desistiu da faculdade de artes, por não ser o que os outros queriam. Tentei amar a menina que iria se formar em medicina. Tentei amar a versão de uma menina com cabelos lisos maravilhosos e sobrancelhas impecáveis. Eu tentei amar a menina mais inteligente da sala, e preferi não compartilhar o meu déficit de atenção real. Eu também tentei amar aquela menina que ao invés de sair com os amigos em véspera de Natal, ficava em casa ate meia noite limpando ate o teto de casa. Eu fui tentando amar tantas formas de mim mesma imposta por outras pessoas e nunca me amei de verdade. E não é culpa de fulano ou ciclano, eu descobri que era excesso de amor que eu sentia por outras pessoas. Era querer forçar a barra para criar uma versão de mim mesma que todos pudessem amar. Tentar ir me moldando em situações e ações que as pessoas pudessem sentir orgulho de mim, mas toda vez eu me frustava.

Descobri a depressão. Fiquei entre uma guerra e outra. Casa, separa. Ama, não ama. Respeita, trai. Conversa, xinga. Cuida, descuida. Dorme no quarto, dorme na sala. Roupas no guarda-roupas, roupas no chão do corredor. Tenho uma história para cada um desses fatos, narradas em linhas amareladas do meu velho diário, e certamente a maior parte que não posso compartilhar aqui, por se tornar algo intimo e envolvendo outras pessoas. 

_ É ...

Eu definitivamente entendo PERFEITAMENTE a dor que cada pessoa passou e passa. Essas que eu conheço a anos e que estavam próximas à mim. Não estou aqui para medir quem sofreu mais ou quem sofreu menos, mas para dizer que à cada erro existe uma esperança e uma versão.

É que em meio erros e acertos, a gente precisa ser grande o suficiente para se desculpar. É simples, é fácil, mas as pessoas dificultam o processo. Não precisaríamos de psicólogos se não faltasse afeto, conversas amigáveis e embriagues de felicidade. E as pessoas precisam parar de  querer tomar controle de tudo. Olhem a sua volta. Ninguém pode controlar a vida do outro. Ninguém tem o direito de amarrar os braços de outra pessoa em linhas como se fossem marionetes.

_ É assim que me sentia.

No fundo a gente sabe que a falta de personalidade é traiçoeira. Se você tem, te empurra pro sucesso. Se você não tem, te empurra pro fracasso. Mas uma hora você acorda, olha tudo o que aconteceu e começa a refletir. 

Há pessoas que tentam te ajudar, mas apenas tentam. Porque em meio algumas ajudas sempre há muita mentira. Eu sempre quis estar ao lado de pessoas honestas. Foi difícil.. as vezes a gente se deixa levar pela emoção, e no fim das contas, você acaba se tornando um deles. _ Um ser injusto, frio, manipulador, ganancioso e quando começar a perceber os erros, ou é tarde demais pra arrumar toda bagunça, ou é a hora de dizer (acabou querido). Vou me reinventar.    

_ Pausa para olhar a chuva escorrendo pela janela da sala.

Não sei quanto há você, mas eu sempre senti falta de afeto. Abraço apertado, daqueles que dói os ossos e que te faça derramar lagrimas de felicidade. Certa vez, deitada no sofá da sala eu pedi um abraço a um certo alguém, (eu nunca vou comprometer o nome de ninguém aqui). A resposta foi um riso frouxo e um comentário bobo seguido de um beijo na testa. Não que não seja importante o beijo, mas eu estava precisando daquele abraço. Tipo: Muito! Talvez até hoje. Era abraço de mãe.

Mas eu entendo o que tornou as pessoas que eu queria tão próximas a mim, tão afastadas. Elas carregavam em seus corações a tal falta de afeto, verdade, carinho e por sua vez, o abraço de doer os ossos. Talvez nunca tenham recebido um abraço de verdade. Ou a proporção de dor e sofrimento só foi maior que abraços quentinhos. É uma pena.

Contudo, os meios não justificam os fins. Eu abraço o meu marido de doer os ossos toda vez que eu sinto que ele precisa. Toda vez que eu preciso, e toda vez que esbarro com ele no corredor de casa. É assim que deve ser. Por isso há controversas em meu coração sobre por qual motivo me faltou tanto amor, já que existem infinitas possibilidades de se amar alguém. Eu só não queria que demostrassem me amar, com roupas, comida, itens materiais e usando meu nome em coisas sujas. E se por algum motivo isso tivesse ocorrido, o mais honesto a ser feito, seria um singelo pedido de desculpas.

_ Juro que esperei por isso. Definitivamente, esperei muito por isso.

Escrevo entre-linhas (e cheio de erros gramaticais) parte da minha angustia e dizer que a unica coisa que eu esperava com a minha atitude até hoje, era SÓ um pedido de desculpas. Aguardava isso tinha seis anos. Um pedido de desculpas porque o premio material não me pertencia, eu sei. Não sou boba. Mas eu sabia que através do premio essa seria uma maneira de a pessoa certa chegar a mim e conversar. Pedir desculpas. Queria entender porque a maldade comigo? O que eu fiz? 

Vamos colocar uma errata. Pois eu sou boba sim. Vai cada um para o seu lado, cada um com os seus pontos de interrogação, porque eu simplesmente coloquei uma pedra num sufoco que eu vinha sentindo. Alguém muito frio achou que eu era um zé ninguém e que poderia brincar com o meu nome e com os meus sentimentos. Toda e qualquer dor causada a mim ou a outras pessoas só precisamos nos lembrar sempre. Aqui fazemos, aqui pagamos. 

Com alivio no coração me despeço do meu passado. A gente precisa renascer toda vez que algo de ruim e muito grave acontece, será assim sempre. E com ele vai algumas pessoas que já amei um dia. É que eu to cheia de amor, verdades, abraços de doer os ossos, carinho e beijos para dar. Mas pra quem me ama e me respeita de verdade. Sem cinismo, sem dar com uma mão esperando com a outra em troca. Dar por amar. Dar por querer. Dar por merecer. Dar por sentir.

É liberdade! Falar, olhar nos olhos e se desculpar.